Eu nem mostrei o meu melhor e ainda assim você resolveu ficar.
Foi mais do que vírgula, do que reticência e passo calculado: foi doce como todos os esbarroões que não são vãos.
Bateu onze horas, meia noite e todas as vezes você resolveu ficar. Viu o que eu mesma nunca tinha notado, cavou o que havia de melhor em cada ponta minha. Foi meu melhor avesso e meus discursos mais diretos: foi mais do que qualquer outro.
Chave na caixa da correspondência porque sempre foi passo calmo e certo: o número do coração é sempre letra que a gente não esquece. E foi o abraço mais largo e apertado.
Não teve pudor debaixo das gotas tortas porque sempre teve cumplicidade e olho brilhando. Teve luz acesa, teve dobra e cabelo que não era de princesa. E óculos para ler legenda do filme que acontecia aqui dentro: miopia sempre foi da gente ver bem perto.
Teve acordar no meio da madrugada, só para saber que existia, que era de verdade e que respirava por si.
Teve vontade de entrar no outro e ser o sonho. De dormir para sempre assim. De nunca mais precisar acordar para a vida que não fosse aquela leve e risonha que acordava todos os dias, dizendo bom dia. Teve a vontade de deixar o mundo melhor para que durasse mais, fosse mais limpo e mais certo para aquelas crianças que a gente prometeu criar com os pés na areia e com a cabeça naquilo que amassem.
E teve amasso. E dor de cotovelo. E uns ciúmes bobos. E dizer eu volto. E dizer te cuida. E nunca esquece, porque eu sempre lembro. E beijo na testa. E beijo de olho. E saber que nunca vai esquecer e saber que sempre lembra. E saber que sempre pensa. Porque se chegar outro, continuo offline.
Caroline Bozzetto - Costurando Letras
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