quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Nunca soube dizer adeus.

Momento... GURIA PARA TUDO! By Caroline Bozzetto

Perfura o centro de toda vida. Não sei me despedir.
Esqueço do discurso, fico no vão da porta, no entremeio da saudade.
Digo tchau, que me soa até breve, ainda que eu saiba – e sinta – que algumas despedidas são eternas.
Fico destoada na partida.
Não sei o que fazer com os braços.
Cruzo as pernas, arrumo o cabelo.
É como se eu quisesse sair dali e ir para qualquer outra chegada.
Não sei me despedir. Embargo a voz e desvio o olhar. Ainda sabendo que pode ser a chance da retomada do castelo, fico estática. Soluço reticente e engasgos embargados: mancha o rio dos olhos aquela água que é de mar.
Prefiro ir a ter de ficar com o adeus.
Confundir o contar das horas da chegada no outro ponto é tarefa tão difícil quanto não roer as unhas esperando o Papai Noel: é como esperar o fim que não existe.
Distraio-me cantarolando com os apitos do trem que não é o das onze: invade de dor o coração branco – pálido já de saudade.
Não sei dizer adeus. Fraquejo na despedida, na falta que eu sei que é a partida.
Destoando o sinal, distraio os tons dos dias cinzas: setembro é logo ali.
Caroline Bozzetto - Costurando Letras

Um comentário:

  1. Adeus...Uma palavra difícil, pasada para ser carrega na partida e a cada quilometro percorrido a bagagem se torna imensa e mal podemos suportar no peito.
    Um até breve é bem mais leve, nos da sensação de um retorno próximo e no peito então, aquela tristeza misturada com alegria e mal vemos a hora do retorno...

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