E ele me olha com aquele jeito de quem acredita que o mundo vai acabar amanhã, justificando essa ânsia toda pelo que o hoje ainda não o trouxe.
Eu tenho manha em acreditar que só daqui há uns mil anos, quando talvez eu esteja preparada para o infinito.
Me diz, sempre, que música o inspira: isso me dá a vontade de novas bandas.
E com a coragem mais absurda que eu já provei até hoje, ele segura firme a minha mão toda vez que eu digo que é tarde e eu preciso ir.
Ele ri. E gargalha, porque sabe que eu tenho é nada.
Aliás, me lembra em todas essas vezes que eu preciso é nada.
Mas eu sempre quero ir.
É que deve ser assim um medo meio bobo de que não seja verdade.
É vontade de tomar em goles miúdos o amor que ele me dá.
Em cada passada mais apressada que eu dou, prometendo voltar no dia seguinte para terminar de ouvir a então sua história, é sempre meio de a nossa continuar.
Eu perco o ar em cada rodopio da música que embala nossos corações todas as tardes.
Em cada nota torta que sai das cordas daquele violão, salta em disparado meu coração.
Aprisiona a respiração os trejeitos da fala segura que me diz só mais um segundo.
Segurar as esquinas e os esquemas de uma história que não vai ser só mais uma história me despenteia todos os dias. Ele me bagunça.
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