quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Adorno.

Momento... GURIA PARA TUDO! By Caroline Bozzetto

Deixei que esquecesse a escova de dentes sob a bancada do banheiro. 
Com o passar dos dias não cresceu limo nas pontas: edificou cumplicidade.
Do que podia escorregar, veio corrimão.
Veio seta e direção.
Um dia a mais e outro um pouco além escorria vertiginosas sílabas de sim: enquanto discurso monossílabo nunca foi monólogo.
Embora ensaio diário sobre ordem de retirada e contra ataque famigerado, crescia flor em prosa os versos a cada manhã no espelho suado doce: porque ir se pode ficar?
A cada cerda que se corroia e ficava dia a dia mais torta, usava também discurso que impetrava afago onde não cabia palavra.
Do nunca assim, foi moldando sentimento: calado, miúdo, presente. Ali, todo dia, em frente ao espelho do bem me quer e mal não tem.
Impregnou com saliva doce, gosto de alecrim primavera.
Alimentava desejos e desmistificava conceitos: criou arruda, santo perfume.
Cresceu onde não havia espaço.
Testando feito nota calada, o discurso do poeta, fez morada, solidez.
Caroline Bozzetto - Costurando Letras

Nenhum comentário:

Postar um comentário